quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Los Hermanos


Los Hermanos


* Biografia Oficial 1997-2000

Não faz muito tempo me lembro ter visto o rapaz alto de cabelos desgrenhados que andava pela PUC com uma resma de papéis e um cavaquinho debaixo do braço. Volta e meia puxava da mochila um pandeiro e o entregava a alguém que conseguisse entender os versos que nele estavam escritos. O rapaz um dia, numa dessas tardes de matar aula, me falou de amor e cantou uma canção que há pouco ele havia escrito. O seu nome era Marcelo Camelo e logo tratou de explicar que o inusitado sobrenome não se referia a qualquer semelhança física com o animal e sim com o erro de um escrivão distraído. Marcelo era mais um que, como muitos outros que eu conhecera na faculdade, tinha uma banda que falava de amor.Numa quarta-feira de férias me convidei para assistir a um ensaio num lugar em que eu nunca conseguiria chegar sozinho. Dentro de um estúdio minúsculo e absolutamente quente em Jacarepaguá, conheci Los Hermanos. Acompanhavam Marcelo o carismático Rodrigo Barba e o sonolento Felipe, que logo após esse ensaio resolveu se tornar apenas amigo da banda. Havia ainda o trompetista Márcio e o saxofonista Carlos que compraram seus instrumentos no mês anterior com o intuito de fazer jazz. O som mal equalizado doía nos ouvidos e quase não se ouvia as letras das canções, mas era possível perceber a beleza das melodias em contraste com a pulsação frenética das músicas. Nesse exato momento estabeleceu-se um paradoxo na minha cabeça: à primeira impressão tratava-se de uma banda convencional de hardcore, mas ao olhar para o Marcelo, ao invés de encontrar a raiva e a agressividade comum nesse estilo musical, via um menino falando de amor. "Tire esse azedume do meu peito, e com respeito trate minha dor....". Isso é samba! O que diabos é essa banda afinal? Depois de muito tempo tentando entender o antagonismo dessas canções preferi simplesmente passar a senti-las.Minha amizade com o Marcelo aumentou e passei a conhecer melhor os integrantes da banda, inclusive o empresário (???) Alex que andava com um tamborzinho pendurado no pescoço, lembrança do Abril Pro Rock, festival realizado em Recife, ao qual Marcelo e Alex não passavam um dia sequer sem citar. Eu que sou tecladista acabei sendo chamado para também integrar a banda, já que atendia perfeitamente ao principal quesito de seleção que é o de ser amigo. Logo começaram os shows: pequenos bares, lugares distantes em dias chuvosos, festas de premeditável fracasso. Banda iniciante toca onde dá, e normalmente ainda paga para isso além de ter que levar os amplificadores no ombro. Com o tempo e as adversidades a formação da banda foi variando. Saíram Márcio, Carlos e o saudoso Vitor que hoje estuda música no exterior e deveria ter sido mencionado num dos parágrafos acima. Vieram o multi-task Rodrigo Amarante e o calado Patrick, com quem o fator amizade era minimizado diante de tamanha destreza no baixo. A fim de melhor divulgar a banda resolvemos gravar duas demos. Amor e Folia (Janeiro de 98) e Chora (Setembro de 98). Rapidamente as fitinhas se espalharam pelo Rio e já era possível ouvir um pequeno coro nos shows. A inusitada formação de universitários começou a atrair a atenção da mídia e se seguiram diversas reportagens, cuja importância crescia rapidamente. Ainda no primeiro ano de banda fomos chamados para participar do Superdemo, maior festival de música alternativa do Rio. Cada vez mais os compromissos da banda pesavam em nossa rotina de universitários e era complicado conseguir estagiar ou fazer qualquer outra coisa que não música. Atraído por um encontro de zineiros o valente Alex mais uma vez percebeu a possibilidade de espalhar algumas fitinhas. Uma delas foi parar na mão de Paulo André (organizador do Abril Pro Rock) coincidentemente, aquele evento do qual Alex e Marcelo nunca paravam de falar. Num determinado dia, alguns meses após o infrutífero encontro, veio por email o convite para participar do festival. Mais do que uma inacreditável oportunidade para a banda, a viagem para Recife representava a realização de um sonho. Os meses passaram lentamente até podermos finalmente fazer as malas com 200 fitas-demo e embarcar no avião pago do próprio bolso rumo a Recife. Chegando lá, além da minha decepção por nunca imaginar que o festival se realizava num lugar coberto, era possível sentir o clima de festival. Milhares de pessoas de todo o nordeste estavam lá para prestigiar Marcelo D2, Arnaldo Antunes, Sepultura e a nós também (embora ainda não nos conhecessem). Às 18:10hs do Sábado entramos no palco, ainda iluminado pela luz do dia. A frente, um incalculável número de pessoas perfiladas até onde a vista não alcançava. A maior parte delas preferia comprar cerveja ao invés de olhar para os seis cariocas vestidos de terno derretendo sob o abrasivo calor que as placas de amianto do teto proporcionavam. Eu sentia no olhar de meus amigos o medo da repercussão que uma má apresentação poderia gerar. O show começou em meio a algumas vaias daqueles que vão aos festivais para vaiar tudo que ainda não conhecem, mas após os primeiros acordes de Descoberta as pessoas começaram a se virar para o palco. Em seguida veio Azedume e depois Pierrot. Nessa hora o público do festival era um misto de curiosidade, estranhamento e diversão.Alguns passaram todo o show tentando compreender - assim como eu naquele ensaio - a curiosa sonoridade. A maioria resolveu apenas se deixar levar. Apesar do nervosismo, meus amigos foram absolutamente brilhantes em suas funções e o show foi considerado um absoluto sucesso, fomos apontados como revelação do festival. Daí em diante tudo aconteceu muito rápido e as vezes eu mesmo acho que não assimilei ainda. A repercussão na imprensa, o contrato com a Abril, a gravação do disco, o fenômeno Anna Júlia. É claro que as coisas mudaram radicalmente e não poderia ser de outra maneira. Os cinco amigos hoje viajam por todo o Brasil mostrando a estranha sonoridade que os consagrou. Apesar da rotina frenética, do cansaço e das adversidades da estrada, ainda sinto muito presente em todos o desejo de continuar fazendo música e uma estimulante incerteza sobre o nosso destino. Passamos de pedra a vidraça, caímos de pára-quedas num meio confuso e cheio de armadilhas pelo qual ainda não sabemos caminhar direito. Na falta de parâmetros sobre o que é certo ou errado, continuamos usando nossa intuição. Percebemos que nunca conseguiremos agradar a todos, mas que acima de tudo queremos levar a nossa música para onde pudermos. Talvez muitos não consigam compreender a nossa proposta, mas também quem sou eu para tentar explicar? Nossas músicas falam de sentimento, da pessoa por quem você se apaixona mas não sabe se declarar, do amor platônico, daquela menina da escola que não sabia o seu nome mas por quem você era absolutamente apaixonado, do carinho pelos amigos, da graça de sofrer por amor, da felicidade de ter um amor correspondido... Pelos palcos de todo Brasil, apesar das luzes que insistem em colocar na nossa cara, ainda consigo reconhecer em alguns rostos aquela mesma estranha impressão que tive quando conheci a banda. Los Hermanos é uma banda de cinco amigos que respeitam suas diferenças e que não têm vergonha de fazer música com muito amor e sinceridade.

Fonte:Site oficial


II-

Los Hermanos é uma banda musical brasileira de rock alternativo formada no Rio de Janeiro em 1997, que mistura rock com elementos da música brasileira como o samba e a MPB, além de ter flertado com o Ska, o Reggae e o Hardcore, o último principalmente em seu álbum de estréia. O som do grupo foi largamente influenciado pelas bandas do underground carioca dos anos 90, tais como Acabou La Tequila, Carne de Segunda e Mulheres Q Dizem Sim e pelo som da banda americana Weezer.
Os até então estudantes de jornalismo da PUC-RJ, Marcelo Camelo e Rodrigo Barba, iniciaram a formação de uma banda com características voltadas para o peso do hardcore e com a leveza de letras que abordavam a temática do amor . Além disso, a banda contava com um saxofonista e, posteriormente, o tecladista Bruno Medina, estudande de publicidade na mesma faculdade, seria incorporado à formação do grupo, acrescentando um diferencial em um banda dita como do gênero citado.

Com a entrada dos músicos Rodrigo Amarante (vocais, guitarra e percussão) e Patrick Laplan (baixo) e com a saída de três músicos de sua formação (o trompetista Márcio e os saxofonistas Carlos e Victor), a banda gravou, em 1997 seus primeiros materiais: as demos "Chora" e "Amor e Folia".

As demos repercutiram na cena underground do Rio de Janeiro e, posteriormente, os Los Hermanos foram chamados para tocar no "Superdemos", grande festival de música independente carioca e no festival Abril Pro Rock, de Recife, considerado um dos festivais que mais revelam artistas nacionais.


O single "Anna Julia"

Em 1999, a banda assinou com a gravadora Abril Music e lançou seu primeiro CD, homônimo Los Hermanos, que repercutiu entre o público jovem, identificados com as letras estilo Jovem Guarda, misturadas a um conjunto musical influenciado pelo rock, ska e samba. O sucesso do álbum foi puxado pela música "Anna Julia", escolhida - pela gravadora - como primeiro single do trabalho. O disco, supostamente, foi produzido pelo famoso produtor Rick Bonadio, conhecido no mainstream por emplacar bandas-fenômenos. E teria sido Bonadio o responsável por convencer os integrantes da banda a inserir a canção na seleção do repertório final do CD. O single é inspirado numa paixonite do produtor da banda e levou a banda não só às rádios de todo o país, mas a todas as classes sociais e eventos diversos, como feiras agropecuárias, estádios de futebol e micaretas, e a tocar para mais de 80 mil pessoas em alguns festivais do país, mesmo com um único disco lançado. A banda também era presença constante em programas populares de auditório que são transmitidos em canais abertos. Em apenas um semestre, "Anna Julia" já figurava nas primeiras posições das principais rádios do país. Seu vídeoclipe, que contava com a atriz Mariana Ximenes, era constantemente exibido em programas dedicados ao gênero tanto nos canais abertos, como na MTV. Somente naquele ano, "Los Hermanos" já havia vendido 300 mil cópias e emplacado dois singles na parada de sucesso, como a já citada "Anna Julia" e o segundo single, "Primavera". O álbum emplacou também uma indicação ao Grammy de 2000.

Marcelo Camelo na Fnac em 2003.Dois anos depois, em 2001, o grupo lança o álbum "Bloco do Eu Sozinho", também pela Abril Music. Algumas das músicas desse álbum, foram tocadas no Rock in Rio III. A banda perdera o baixista Patrick Laplan, alegando divergências musicais, o qual montou sua própria banda, Eskimo. "Bloco..." surpreendeu grande parte do público por ser um álbum (quase) sem resquícios do anterior. Ao som da banda, acrescentaram-se levadas melancólicas do Samba, da Bossa Nova e de outros rítmos latinos. A euforia do primeiro CD não se repetiu nas vendas e a banda passou a tocar em lugares menores, com a diminuição de seu público. Porém, a partir desse ponto, a banda ganhava um grande aliado em sua caminhada, justamente o público, que se mostrava cada vez mais fiel. Músicas como "Todo Carnaval tem seu Fim" (primeiro single), "A Flor", "Sentimental", entre outras, tornaram-se hits à parte do lado comercial. Depois de algum tempo do lançamento, a crítica especializada começaria a elogiar o álbum, que ganhou notoriedade no meio após ter chegado ao conhecimento de todos a divergência que havia entre a banda e a gravadora. O guitarrista Rodrigo Amarante, passou a ter mais espaço na banda, com composições como "Sentimental", "Cher Antoine" e "A Flor" (essa com Marcelo Camelo). Seguiram-se ainda participações no "Fordsupermodels" (a banda tocava em um palco, fazendo a trilha sonora para o evento de moda), e no Luau MTV, no qual foram incluídas, em versão acústica, músicas do primeiro e do segundo CD, e que mais tarde seria lançado em DVD.

O ano de 2003 chegava e já na BMG (atual Sony&BMG), os Hermanos lançaram o álbum "Ventura". Antes chamado de "Bonança", o disco teve uma curiosidade em seu preparo: o primeiro disco nacional a "vazar" em sua fase de pré-produção. O terceiro álbum apresentava um Los Hermanos multi-facetado. De "Samba a Dois" ao pop rock de "O Vencedor" ou dos diálogos de "Conversa de Botas Batidas" e "Do Lado de Dentro", "Ventura" vinha com status do álbum que consolidaria a banda no cenário nacional. O primeiro single, "Cara Estranho", marcou boa presença nas rádios e em premiações de videoclipes. Vieram depois "O Vencedor" e "Último Romance", essa última de Rodrigo Amarante, que assinou 5 das 15 músicas do CD e passou a se destacar como compositor do cenário. Camelo, antes já badalado, calcara ainda mais sua posição de compositor e passou a chamar a atenção de toda uma crítica desconfiada. A cantora Maria Rita em seu álbum homônimo, gravou três músicas dele: "Santa Chuva", "Cara Valente" e "Veja Bem Meu Bem". Os shows passaram a abrigar uma legião de fãs que passaram a ser a marca registrada da banda. Foi na turnê de "Ventura", que foi registrado o DVD "Ao Vivo no Cine Íris", gravado no Rio de Janeiro, com um repertório predominante do CD.

Em 2005 chega o quarto CD da banda, "4". Produzido por Kassin, que assinara os dois últimos, o álbum mostrava um conteúdo mais introspectivo e uma aproximação mais impactante com a MPB. O disco, no entanto, seria considerado "irregular" pela grande crítica. Seja no violão de "Sapato Novo" e na bossa de "Fez-se Mar", ou a predominância de um clima saudoso nas letras de Camelo e Amarante, "4" dividiu novamente o público: a banda estava em mais um novo rumo. Que teve como "single" de bastante repercussão a música O "Vento" do guitarrista Rodrigo Amarante.

Em abril de 2007, a banda anunciou um recesso por tempo indeterminado nos trabalhos, alegando o acúmulo de muitos projetos pessoais ao longo de seus dez anos de carreira. Mesmo em recesso, a banda ainda realizará duas apresentações em março de 2009, no Festival Just Fest, onde abrirá os shows da banda Radiohead

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