terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Cidade Negra

*BIOGRAFIA - CIDADE NEGRA

Desde quando a Baixada Fluminense, famosa por sua pobreza e violência crescente, é lugar pra se fazer reggae? Desde que lá surgiu um grupo chamado Cidade Negra, formado por fãs do consagrado ritmo jamaicano. Da Gama (guitarra), Bino (baixo), Lazão (bateria) e Ras Bernardo (voz) buscavam inspiração no seu tenso cotidiano para levantar a voz dos artistas de rua, de um povo sem chance de reivindicações. De alguma forma, a Baixada Fluminense era um lugar tão ativo e tenso como as famosas quebradas de Kingston, a capital da Jamaica.

Estabelecida a conexão, o Cidade Negra aguardava seu lugar ao sol enquanto via o reggae se tornar fenômeno de massa em estados distantes como o Maranhão, o Piauí e a Bahia. Estava na hora do Rio. Em 1990, A Sony Music, ainda CBS, resolveu apostar nesse grupo que já contava com um bom currículo de shows, com direito a excursões para Salvador e São Paulo e até participação em um documentário da BBC de Londres sobre o Rio.

O disco Lute pra Viver mostrou que os rapazes do Cidade Negra estavam aí para o que desse e viesse, falando a verdade sobre a real cultura carioca. Com uma produção cuidadosa, puderam mostrar toda a força de seu som e logo de cara emplacaram um sucesso que até hoje é pedido nos seus shows: “Falar a verdade”.
Já nesse primeiro disco eles iniciariam uma característica constante em sua carreira: as participações especiais de artistas consagrados e as regravações. Jimmy Cliff “batizou” o disco emprestando sua voz inconfundível à “Mensagem”. “Nada mudou”, por sua vez, era versão de um sucesso do lendário Yellowman. Dois anos depois, o álbum Negro no Poder repetia a mesma fórmula, com letras falando predominantemente de problemas sociais e um reggae que não deixava margem para críticas dos fãs incondicionais do gênero. Embora ainda não representasse o estouro do grupo junto ao público, Negro no Poder ajudou o Cidade Negra a atravessar fronteiras. Foram os únicos artistas latino-americanos a participar do Sunsplash Festival, na Jamaica, e suas músicas chegaram a ser tocadas em nightclubs de São Francisco (EUA).

Em 1994, aconteceram as reformulações que colocariam o grupo em uma nova fase. Toni Garrido, ex-vocalista da Banda Bel, entra no lugar de Ras Bernardo e já imprime seu toque às novas composições. O experiente Liminha assume a produção, ajudando a tornar o som do grupo mais diversificado, melodicamente mais pop e dançante, mas sem fugir ao universo do reggae. Conclusão: o álbum Sobre todas as forças caiu nas graças do grande público, mesmo aqueles que nunca haviam dado muita bola pro ritmo jamaicano.
Muitos outros fatores contribuíram para isso: o carisma de Toni Garrido, que deu ao Cidade Negra mais presença de palco e se transformou em símbolo sexual; as letras um pouco menos contestadoras e mais românticas; e as verdadeiras pérolas pop que o disco trazia. A primeira música de trabalho, “Onde você mora” - composta por Nando Reis e Marisa Monte - já era um tremendo arrasa-quarteirão . Assim como “Pensamento”, “Doutor”, “Mucama”, “Minha irmã” e - principalmente - “A sombra da maldade” não ficavam atrás. E o resultado foi um hit atrás do outro, que até hoje são lembrados nas melhores pistas de dança do país.

Após um vôo longo, a emoção da volta ao ponto de partida. Assim é o Cidade Negra. As armas são outras, novos companheiros vão se juntando a eles nessa batalha, mas o grupo mantém intacto dentro de si o sentimento que os acompanha desde o início: a vontade de mostrar a sua arte, de quebrar barreiras e de realizar seus sonhos.

Enquanto o Mundo Gira...

*Resumo:

Um dos maiores nomes do reggae brasileiro, a banda Cidade Negra surgiu, ainda nos anos 80, sob a alcunha de Lumiar. Após alguns shows e a mudança de nome, a banda formada por Da gama (guitarra), Bino (baixo), Lazão (bateria) e Ras Bernardo (voz) assinou o primeiro contrato e estreou no mercado fonográfico em 1991, com o álbum “Lute Para Viver”. O ‘hit’ “Falar a Verdade” deixou-os bastante conhecidos no país e garantiu a gravação do segundo trabalho “Negro no Poder”.

Em 1994 se iniciou uma nova fase para a banda, foi quando Toni Garrido entrou no lugar do vocalista Ras Bernardo, trazendo apenas benefícios ao som do grupo. “Sobre Todas as Coisas”, fez com que a Cidade Negra se tornasse uma das bandas mais tocadas nas rádios, graças a sucessos como “Onde Você Mora?” e “Sombra da Maldade”.

A solidificação do sucesso do grupo veio com “O Erê”, o quarto trabalho do Cidade Negra, que vendeu 750 mil cópias. Os destaques do álbum foram “Firmamento” e “Simples Viagem”. Em 1998, a banda lançou “Quanto Mais Curtido, Melhor” que, puxado pela música “Sábado à Noite” foi um sucesso de vendas e de shows. Estabelecido em longas excursões pelo Brasil, o Cidade foi solidificando também uma presença regular por palcos da Europa.

“Enquanto o Mundo Gira” foi o álbum lançado em 2000, no qual a banda inovou com ritmos e sonoridades inéditos para o grupo, mas ainda dentro do contexto político e social que envolve todos os trabalhos do Cidade Negra.

Em 2002, comemorando 15 anos de carreira, lançaram o CD/DVD “Acústico MTV”, com os principais sucessos da banda, a participação de Gilberto Gil na releitura de “Extra” e duas inéditas, “Berlim” e “Girassol”.

Após 4 anos sem gravar nenhum material inédito, o grupo voltou em 2004 com “Perto de Deus”, que contou com a participação especial do jamaicano Anthony B na faixa-título. Outro convidado do disco foi o rapper Happin’ Hood. Outros destaques do trabalho são “Se Alguém Jah Amou”, “Sinais” e “Eu Sei Que Ela”.

Esta galera fez e faz á diferença...



LETRA: Onde Você Mora? (Nando Reis/Marisa Monte)


Amor igual ao teu
Eu nunca mais terei
Amor que eu nunca vi igual
Que eu nunca mais verei
Amor que não se pede
Amor que não se mede
Que não se repete
Amor
Você vai chegar em casa
Eu quero abrir a porta
Aonde você mora
Aonde você foi morar
Não quero estar de fora
Aonde está você
Eu tive que ir embora
Mesmo querendo ficar
Agora eu sei
Eu sei que eu fui embora
Agora eu quero você
De volta pra mim

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