segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Capital Inicial


*Biografia musical Capital Inicial


Brasília, maio de 1983. Um grupo de jovens é preso por usar pulseiras de tachas e alfinetes, sob a alegação destes acessórios serem armas em potencial. A resposta veio no editorial do "Fan Zine", em seu segundo número, escrito por um jovem que assinava apenas "Dinho". O "Fan Zine" trazia outros assuntos, como a "Discografia básica da nova música", que incluía Sex Pistols, The Clash, The Damned. Ramones, Siouxie and the Banshees, P.I.L., Adam and the ants, Joy Division, UK Subs e Dead Kennedys. Naquelas páginas, às vezes escritas a mão, com colagens de outras publicações, lia-se um pequeno panorama do punk rock de Brasília (com letras do Aborto Elétrico, XXX e Plebe Rude), quadrinhos, poesias e textos de diversos colaboradores (Hermano Vianna, Marcelo Rubens Paiva, Guilherme Isnard, entre outros).A postura deste grupo que expunha seus pensamentos através da música, de fanzines e de sua atitude, pode ser caracterizada pela música "Geração Coca-cola", de Renato Russo, como fez Jamari França em artigo publicado no Jornal do Brasil, em 12 de novembro de 1984, quando reproduziu os versos da canção: "Depois de 20 anos de escola / não é difícil aprender / todas as manhas deste jogo sujo / não é assim que tem que ser? / vamos fazer nosso dever de casa / aí então vocês vão ver / suas crianças derrubando reis / fazer comédia no cinema com suas leis. / Somos os filhos da revolução / somos burgueses sem religião / somos o futuro da nação / Geração Coca-Cola". O Capital Inicial surgiu em 1982, formado pelos irmãos Fê (bateria) e Flávio Lemos (baixo), ex-integrantes do Aborto Elétrico, ao lado de Renato Russo , e Loro Jones (guitarra), oriundo da banda Blitz 64. Em 1983, Dinho Ouro-Preto, após um estágio como baixista da banda "dado e o reino animal" (assim mesmo, com letras minúsculas), onde também tocavam Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, entra para os vocais. Em julho estréiam em Brasília, tocando em seguida em São Paulo (SESC Pompéia) e no Rio de Janeiro (Circo Voador). Aliás, esta foi uma das características marcantes do início da carreira: as constantes viagens e apresentações nos principais palcos do underground do rock brasileiro. Em 1984, o ritmo cada vez maior de viagens indica a necessidade de estarem mais próximos do seu principal mercado, as regiões Sudeste e Sul. No final do ano assinam seu primeiro contrato fonográfico, com a CBS (atual Sony), e se mudam para São Paulo no inÌcio de 1985. Logo em seguida lançam seu primeiro registro em vinil, o compacto duplo "Descendo o Rio Nilo/Leve Desespero". Ainda neste ano integram o elenco da trilha sonora do primeiro "filme-rock" nacional, "Areias Escaldantes", de Francisco de Paula, ao lado de Ultraje a Rigor, Titãs, Lobão e os Ronaldos, Ira!, Metrô, Lulu Santos e May East. O primeiro LP, "Capital Inicial", já pela Polygram, foi lançado em 1986 e recebeu ótimas críticas. "Um rock limpo, vigoroso, dançante e sobretudo competente, a quilómetros de distância da mesmice que assaltou a música pop brasileira nos últimos tempos", assim o jornalista Mário Nery abre a crítica ao disco no caderno Ilustrada, da Folha de S.Paulo, em 29 de julho de 1986. O álbum trazia músicas como "Música Urbana", "Psicopata", "Fátima", "Veraneio Vascaína" (censurada pela Polícia Federal), "Leve Desespero" entre outras, e levou o Capital Inicial ao seu primeiro Disco de Ouro. Em 1987, contando com o tecladista Bozzo Barretti em sua formação, o Capital Inicial lança seu segundo disco, "Independência", emplacando "Prova", "Independência", a regravação de "Descendo o Rio Nilo", e conquista o segundo Disco de Ouro. Neste ano, é convidado para abrir os shows da turnê do cantor inglês Sting em São Paulo (Estacionamento do Anhembi), Rio de Janeiro (Maracanã), Belo Horizonte (Estádio Independência), Brasília (Estádio Mané Garrincha) e Porto Alegre (Estádio Beira Rio). "Você Não Precisa Entender" chega as lojas de todo o país em 1988, com mais hits: "A Portas Fechadas", "Pedra Na Mão" e "Fogo". 1989 marca o laçamento de "Todos os Lados", com destaque para as faixas "Todos os Lados", "Mickey Mouse em Moscou" e "Belos e Malditos". Em 1990 participam do festival Hollywood Rock, realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro. "Eletricidade", lançado em 1991, marca o início de mudanças no Capital Inicial, começando pela gravadora. O álbum, lançado pela BMG, trazia uma versão para "The Passenger", de Iggy Pop, batizada de "O Passageiro", e composições como "Kamikaze" e "Todas as Noites". Neste mesmo ano, participam da segunda edição do festival Rock in Rio. Em 1992, Bozzo Barretti deixa o grupo, e em 1993, divergências musicais e pessoais levam o vocalista Dinho Ouro Preto a seguir carreira solo. Enquanto isso, o Capital Inicial, agora com o santista Murilo Lima (ex-banda Rúcula) nos vocais, lança "Rua 47" (94) e "Ao Vivo" (96), o primeiro pela Qualé Cumpadi Records, gravadora independente que a banda monta, e o segundo pela Rede Brasil Discos, atual Alpha Discos. Durante os próximos 5 anos a banda praticamente desaparece da mídia, levando muitos a acreditar que a banda tinha acabado. Mas a verdade é que a banda nunca parou de excursionar e fazer shows, e se manteve ativa numa época de baixa do rock brasileiro. São Paulo, março de 1998. Amadurecidos, com o respaldo do lançamento, pela Polygram, do CD "O Melhor do Capital Inicial", da constante execução de suas músicas pelas maiores emissoras de rádio e, principalmente, com o apoio dos fãs - que mantiveram o Capital Inicial vivo -, seus quatro integrantes originais decidem voltar aos palcos. Dinho Ouro Preto, Loro Jones, Fê e Flávio Lemos voltam à estrada com um novo show, uma comemoração aos 15 anos da banda e aos 20 anos do nascimento do rock candango. O repertório traz sucessos, faixas pouco conhecidas e composições de bandas que fizeram parte da cena de Brasília nos anos 80, como Plebe Rude, Legião Urbana e Finis Africae. Em Julho do mesmo ano a banda assina com a gravadora Abril Music, e em Setembro ruma para Nashville no Tennesse, EUA, onde gravam "Atrás Dos Olhos". Este disco é produzido por David Zá, que entre outros trabalhou com artistas como Prince, Billy Idol e Fine Young Cannibals. As músicas mais executadas desse disco foram "O Mundo" de Pit Passarel, ex-guitarrista da banda Viper e amigo da banda, "1999" e "Eu Vou Estar". Todas essas músicas tiveram videoclipes com grande repercussão junto ao público da MTV, sendo que "O Mundo" concorreu a cinco prÍmios na edição de 99 do MTV Awards Brasil. Este mesmo ano de 98 assiste ainda o lançamento de mais duas coletâneas pela Universal (ex - Polygram): um CD da série Millenium, com 20 músicas pinçadas dos quatro primeiros discos, e um CD de canções do grupo remixadas por produtores e DJs famosos do Brasil. Infelizmente esta mesma gravadora reluta ainda em relançar os discos originais, apesar do evidente prejuízo que tal atitude traz à banda, e a insatisfação dos fãs. O ano de 1999 é dedicado a turnê brasileira, e ao longo dos shows a banda, além dos antigos fãs, encontra um novo público, adolescentes que não conhecem seus primeiros discos. Então surge a idéia de fazer um disco ao vivo, juntando novos e antigos sucessos. Rapidamente esta idéia se transforma no projeto de um disco Acústico, em parceria com a MTV. O último ano do século 20 começa com a banda se preparando para a gravação do "Capital Inicial - Acústico MTV", que acaba ocorrendo em Março. O disco é lançado dia 26 de Maio, e a primeira tiragem rapidamente se esgota nas principais lojas do Brasil. A primeira música escolhida para tocar nas rádios, "Tudo Que Vai", de Alvin L. e Dado Villa-Lobos, é amplamente executada em todo o país, e a banda vê reconhecido o seu empenho em fazer um disco acústico de rock simples, despojado, mas com a mesma atitude dos seus melhores discos. Em 2002, após a turnê "desplugada" o capital volta com força total às guitarras fazendo um disco totalmente rock n' roll. Com Yves passarell assumindo o posto de guitarrista, é lançado "Rosas E Vinho Tinto". Os hits "A Sua Maneira" e "Mais" explodem nas rádios e o disco já alcança a marca de 200.000 cópias vendidas.



*RESUMO:


Quando falamos sobre Rock nacional, principalmente o da década de 80, é impossível não mencionarmos a cidade musical de Brasília. Foi lá que surgiu a maioria das bandas hoje consagradas, algumas ainda na ativa, da música brasiliera.No fim da década de 70, existia a famosa "Turma da Colina", um grupo de jovens do qual faziam parte pessoas como Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Phillippe Seabra, e Flávio Lemos, Loro, Dinho, entre outros. Com a chegada do movimento Punk, formaram as primeiras bandas, que seriam, mais tarde, conhecidas como Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial. E é dessa última que vamos falar aqui.O início de tudo se deu no ano de 1982, quando os irmãos Fê (bateria) e Flávio Lemos (baixo), Loro Jones (guitarra) e Dinho Ouro-Preto se juntaram para fazer um som. Todos tinham experiência em outras bandas: Os Lemos tocavam com Renato Russo no Aborto Elétrico, Loro era guitarrista do Blitz 64 e junto com Dinho, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá formaram também o "dado e o reino animal".Após tocarem em Brasília, São Paulo e Rio, assinaram, no fim de 1984, um contrato com a CBS. Mudam-se para Sampa em definitivo no ano seguinte e lançam o primeiro compacto com as faixas "Descendo o Rio Nilo" e "Leve Desespero". O álbum de estréia porém só saiu em 1986, pela Polygram, e o título levava o próprio nome do grupo. A repercussão foi imediata e os hits como "Música Urbana", "Fátima" e "Veraneio Vascaína" deram ao Capital o primeiro disco de ouro.O tecladista Bozzo Barreti passa a integrar o time e, em 1987, o segundo trabalho já estava nas lojas: "Indepedência". As faixas "Prova" e "Autoridades" trouxeram o segundo disco de ouro. Nessa época, o ex- Police Sting fez uma turnê pelo Brasil e o Capital foi a banda de abertura em todos os shows do músico inglês.Apesar de todo esse sucesso, o disco seguinte "Você Não Precisa Entender", de 1988, não foi tão bem sucedido como os anteriores. Os destaques foram "Fogo" e "Pedra na Mão". Dinho ainda sofreu um acidente de carro que, apesar de não ter sido grave, quase adiou toda a turnê do álbum.O quarto trabalho estava programado pra sair em 1990, mas eles apressam as gravações para poderem tocar no Hollywood Rock já com material inédito. "Todos os Lados", chegou, ainda em 1989, e sua sonoridade se aproximava ao do início da carreira, agradando os fãs e a mídia.Somente dois anos depois, já com gravadora nova (BMG), foi lançado "Eletricidade". A receptividade foi excelente. As faixas "Kamikaze" , "Todas as Noites", além de uma versão para "The Passenger", de Iggy Pop, batizada de "O Passageiro" somadas a apresentação no Rock In Rio II, consagraram o Capital como uma das mais ouvidas no Brasil.Porém, quando tudo parecia estar indo muito bem, os fãs foram surpreendidos com duas tristes notícias: Em 1992, Bozzo Barretti deixa o grupo e, no ano seguinte, Dinho, alegando divergências musicais e pessoais, partiu em carreira solo. O Capital recrutou Murilo Lima para o posto de vocalista e lançaram "Rua 47" e "Ao Vivo".Em 1996, a PolyGram, que tinha os direitos sobre a maioria das músicas da banda, soltou a coletânea "O Melhor do Capital Inicial" que acabou sendo um sucesso de vendas. Empolgados com a fidelidade demonstrada pelos fãs, resolvem voltar a ativa com a formação original, aproveitando para comemorarem os 15 anos do grupo.Após assinarem com a Abril Music, gravaram, em 1998, o álbum "Atrás dos Olhos" e o clip "O Mundo" começou a dar bons resultados na MTV. A Polygram, tentando tirar proveito da situação, ainda lançou "Remixes", e mais uma coletânea "Millennium".Iniciam uma nova excursão por todo o país, desta vez com Aislan Gomes, um antigo fã, nos teclados. De volta pra casa, a MTV propõe ao grupo uma apresentação em formato acústico, com direito a álbum e home-vídeo. O evento, que ocorreu em 2000, foi considerado a grande volta do Capital, rendendo ótimos frutos não só para a banda, mas também para a emissora. O show foi muito bem elaborado, contando com participações especiais (Kiko Zambianchi e Zélia Duncan), além de novas versões para os velhos clássicos.O sucesso do Capital continuou em 2002 com o inédito "Rosas e Vinho Tinto" trazendo faixas como "À sua Maneira", uma das mais executadas do ano, e que permitiu o grupo a continuar percorrendo todo o Brasil fazendo shows cada vez mais lotados. Nesse álbum, o guitarrista Yves Passarell, ex-Viper, já assumiu a função de guitarrista definitivamente, com a saída de Loro Jones.

*Eu vivenciei e sou testemunha do movimento musical da década de 80...

Simplesmente FANTÁSTICO!

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